Monitoramento da qualidade do ar interior em um arquivo cartorário na cidade de Ribeirão Preto/SP, visando saúde humana e conservação do acervo
Resumo
O monitoramento da Qualidade do Ar Interior (QAI) em arquivos de um cartório é uma ferramenta importante para a gestão, preservação e acesso aos documentos e informações registradas. Os livros, fichas, microfilmes, pastas e papéis que compõem o acervo devem ser permanentemente conservados, por imposição legal, não havendo nenhuma hipótese de descarte, ainda que tenham sido convertidos em mídias mais atuais. Sendo assim, a preservação e conservação da integridade material desses elementos deve ser assegurada, por medidas e estratégias que contribuam para evitar a sua degradação. A preocupação com a QAI de um arquivo cartorário também se estende aos seus frequentadores, pois, observa-se que o ambiente em que esses arquivos se encontram fica comprometido, podendo gerar danos à saúde e ao bem estar. Assim, esta pesquisa foi realizada em um arquivo cartorário situado na cidade de Ribeirão Preto/SP, em cinco salas, localizadas no pavimento térreo, através de coleta de dados, com equipamentos medidores, com os seguintes parâmetros selecionados para amostragem: a) Parâmetros Físicos: Temperatura e Umidade Relativa; material particulado: PM10, PM2,5 e PM1,0 e b) Parâmetros Químicos: Formaldeído (HCHO), Compostos Orgânicos Voláteis (COVS) e Dióxido de Carbono (CO2). Os resultados obtidos com a medição de Temperatura demonstraram a variação entre 20 e 35º C, ficando acima dos limites de tolerância da Resolução nº 09 da ANVISA, que prevê que a temperatura deve estar entre 21º C e 23º C (verão) e 20º C a 22º C (inverno). As medições de Umidade Relativa apresentaram variação de 35 a 63%, ficando, portanto, fora dos limites de tolerância da Resolução nº 09 da ANVISA, que prevê a umidade entre 40% e 55%. Os dados obtidos para as medições de PM10, PM2,5 e PM1,0 ficaram abaixo dos limites estabelecidos pelo CONAMA nº 491/2018 e NR-15. As medições de Compostos Orgânicos Voláteis mostraram resultados abaixo do limite de tolerância estabelecido pelo NR-15, que prevê o limite de 140 mg/m3 , tendo em vista que os resultados ficaram entre 0 e 1 mg/m3 . Para os Formaldeídos os resultados ficaram abaixo do limite de tolerância estabelecido pelo NR-15, que prevê o limite de 2,3 mg/m3 , tendo em vista que os resultados ficaram entre 0 e 0,23 mg/m3 . As medições de Dióxido de Carbono variaram entre 400 e 800 ppm (momentos de picos), ficando abaixo do limite de tolerância da Resolução nº 09 da ANVISA, que prevê limite de até 1000 ppm. Desta forma, ficou demonstrado que apenas os parâmetros físicos de Temperatura e Umidade Relativa ficaram fora dos padrões. Assim, são propostas sugestões de intervenções no acervo, para evitar a umidade dos livros, controle do fluxo de pessoas, instalação de condicionadores de ar e ventilação, objetivando melhorar a qualidade do ar e evitar que os colaboradores fiquem expostos a condições prejudiciais à saúde.