Análise da adesão e não adesão ao tratamento do paciente diabético tipo 2 pela perspectiva do farmacêutico
Abstract
O Diabetes mellitus é uma doença crônica não transmissível caracterizado pela hiperglicemia crônica, resultante da deficiência na produção e/ou ação do hormônio chamado insulina ou ainda má utilização do mesmo pelas células do organismo. Estima-se que existam 382 milhões de pessoas no mundo com diabetes e esse número tende a aumentar progressivamente. No Brasil, considerando a faixa etária de 20 a 79 anos, já existem mais de 12 milhões de pessoas com diabetes. O tratamento do diabetes é complexo e pautado em um tripé que combina alimentação adequada, pratica regular de atividade física e uso correto dos medicamentos. No entanto, alcançar o objetivo do tratamento do diabetes não é fácil. O paciente enfrenta várias dificuldades e precisa de uma equipe multiprofissional empenhada em auxiliá-lo em seu tratamento. A falta de adesão ao tratamento (medicamentoso e não medicamentoso) é um grande problema, pois através da falta de adesão, os objetivos para controle da doença não são alcançados e as complicações da doença instaladas. Portanto, dada a importância da temática, o objetivo deste trabalho é analisar, pela perspectiva do farmacêutico, a adesão e a não adesão ao tratamento do paciente diabético tipo 2 acompanhado em uma Unidade Básica de Saúde no município de Ribeirão Preto. O trabalho foi um estudo de caso com caráter exploratório-descritivo realizado por meio da abordagem metodológica qualiquantiva. A amostra da pesquisa foi formada por 12 pacientes diabéticos tipo 2 acompanhados pela unidade de saúde no ano de 2016. Foram utilizados como instrumentais para a coleta de dados as entrevistas individuais com aplicação de formulários para identificar o perfil sociodemográfico e clínico dos sujeitos da pesquisa e sobre a sua adesão ou não à terapia medicamentosa, que estão representados e interpretados por meio de gráficos e tabelas. A análise dos dados qualitativos se deu por meio do método de análise de conteúdo, sendo acrescentadas duas categorias empíricas que surgiram das entrevistas realizadas: alimentação e temores relacionados ao ter diabetes. Os resultados obtidos revelam que as maiores dificuldades encontradas pelos sujeitos, para adesão ao tratamento da doença, estão ligadas à parte alimentar e aos temores relativos à doença devido suas complicações, gerando um grande peso emocional carregado pelos sujeitos. Assim, há uma não aceitação e consciência de estar doente, não ocorrendo a aderência às terapêuticas para controle e cuidados que a doença requisita. Por outro lado, aqueles que concordam com os procedimentos sugeridos pelos profissionais da saúde, vêm resultados positivos quanto a sua saúde e a adesão se dá, inclusive, pelos temores com as consequências que a doença desenvolve. Conclui-se, portanto, que ao conhecer as dificuldades enfrentadas pelos diabéticos para aderir ao tratamento, a equipe de saúde possa desenvolver estratégias que ajudem a melhorar a terapia para diabetes e a qualidade de vida dos pacientes.