| dc.description.abstract | As indústrias curtumeiras permitem que peles residuais de abatedouros de gado obtenham características exclusivas, fazendo do produto final matéria-prima para confecção de diversos artefatos de couro, que contribuem significativamente para a economia do Brasil. Durante o processo de curtimento do couro do tipo wet-blue são gerados resíduos industriais ricos em matéria orgânica e sais de cromo, que, se dispostos de forma inadequada, podem contaminar o solo e as águas. A escolha das etapas envolvidas no gerenciamento desses resíduos deve ser norteada por suas características físico-químicas, exigências legais e aspectos técnicos e econômicos. O presente estudo objetivou avaliar tecnicamente o tratamento do resíduo sólido de couro wet-blue (RSC), gerado na etapa da rebaixadeira das indústrias curtumeiras da região do Médio Rio Grande, no município de São Sebastião do Paraíso, Estado de Minas Gerais, através de ensaios de bancada em um pirolisador de leito fixo. O método gravimétrico foi empregado para determinar a partição do RSC em fases gasosa, líquida e sólida, frente a diferentes temperaturas (400ºC, 600ºC e 800ºC) e tempos de residência do resíduo no reator (15, 30, 45 e 60 min). A fase gasosa foi caracterizada quanto aos percentuais molares de oxigênio, metano, e hidrocarbonetos com 2 a 5 carbonos na cadeia, por meio das técnicas de cromatografia em fase gasosa com duas formas de detecção, ionização de chama e condutividade térmica. O subproduto sólido foi caracterizado mediante os teores de cinzas, sólidos voláteis, carbono orgânico total e de cromo. Foi observado que a temperatura e o tempo de residência do sólido no reator interferiram acentuadamente nos percentuais mássicos das fases gasosa, líquida e sólida formadas, de 10,6%, 23,5% e 65,9% a 400ºC e 15 min, para 30,1%, 14,9% e 55,0% a 800ºC e 60 min, respectivamente. A máxima fração de hidrocarbonetos leves, (CxHy) de 20,5%, foi obtida na temperatura de 600ºC e 15 min de permanência do sólido no reator. O coque gerado apresentou características favoráveis à sua utilização como combustível, com teores de cinzas (23,7 a 37,1% p/p), de sólidos voláteis (62,9 a 76,3% p/p), carbono orgânico total (16,7 a 39,8% p/p) e de cromo (inferior a 0,3% p/p), que resultaram em poderes caloríficos superiores no intervalo de 16 a 25 MJ/kg. Portanto, a pirólise se mostrou promissora como uma forma de tratamento e de aproveitamento energético de resíduos sólidos de couro do tipo wetblue. | |
