Efeito do extrato da Ilex paraguariensis sobre células osteoblásticas
Resumo
A utilização de suplementos alimentares e a funcionalização de biomateriais com compostos naturais têm sido avaliadas como estratégias para a obtenção de maior controle e previsibilidade sobre o processo de osseointegração. Embora alguns estudos mostrem benefícios da erva do chá mate (Ilex paraguariensis) em diferentes células e tecidos, seus efeitos sobre o tecido ósseo ainda não estão bem estabelecidos. O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos do extrato de Ilex paraguariensis St. Hil (IP) sobre a viabilidade celular, metabolismo e aquisição do fenótipo osteogênico em cultura de células osteoblásticas. Para isso, osteoblastos da linhagem UMR-106 foram plaqueados a 3.000 células/poço em placas de 96 poços, deixados aderir por 24 horas e então expostos ao extrato nas concentrações de 0 (Controle); 3,9; 15,6; 62,5 ou 250 μg/mL do IP em meio osteogênico. Foram avaliados: a viabilidade celular pelo kit live/dead no dia 2, a atividade mitocondrial pelo ensaio colorimétrico MTT nos dias 2 e 5, a atividade de fosfatase alcalina in situ por marcação com Fast red no dia 3, e a formação de matriz mineralizada por coloração com vermelho de alizarina ao final de 7 dias. Os dados quantitativos foram submetidos ao teste ANOVA, seguido de pós-teste de Tukey, quando apropriado (α=5%). A análise qualitativa da viabilidade celular mostrou predominância de células viáveis em todos os grupos, embora culturas expostas a 250 µg/mL do IP tenham exibido redução da quantidade de células. O ensaio MTT revelou maior atividade mitocondrial em culturas expostas ao IP a 62,5 µg/mL em relação apenas ao Controle e ao grupo exposto a 250 µg/mL (p0,05), e redução significativa desse parâmetro no grupo 250 µg/mL (p <0,05). Aos 5 dias, valores semelhantes de atividade mitocondrial foram observados entre os grupos Controle e aqueles expostos a concentrações de até 62,5 µg/mL do IP (p>0,05), e redução significativa desse parâmetro no grupo 250 µg/mL (p <0,05). A análise qualitativa da marcação por Fast red aos 3 dias revelou que todos os grupos exibiram atividade de ALP. Ao final de 7 dias, menor marcação para depósitos de cálcio foi observada em culturas crescidas na presença de 250 µg/mL do IP, enquanto que aspectos macroscópicos semelhantes aos do Controle foram observados nas demais concentrações. Conclui-se que, dentro das condições experimentais utilizadas, concentrações de até 62,5 µg/mL do IP não exibiram citotoxicidade e permitiram a aquisição do fenótipo osteogênico em osteoblastos da linhagem UMR-106 de forma similar ao de culturas Controle, exibindo efeito neutro sobre a osteogênese.