Desenvolvimento de blocos estruturais de concreto utilizando resíduos da construção civil, nas modulações M10 e M15
Resumo
O trabalho analisou a utilização de agregados miúdos e graúdos reciclados provenientes de duas usinas de reciclagem na região de Ribeirão Preto, sem que houvesse qualquer intervenção no material coletado nas usinas, considerando que a classificação inicial do agregado era proveniente dos processos de obtenção de tais materiais. Outro fator a se destacar quanto a natureza do material usado é que não se buscou identificar o resíduo pela sua composição, intencionalmente buscou-se utilizar os agregados para produção de concretos, com traço na proporção de 1:7, em blocos de concreto nas modulações M – 10 e M – 15. Para isto os materiais foram coletados nas referidas usinas seguindo os parâmetros normativos explicitados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, posteriormente os materiais foram analisados quanto as suas propriedade e características físicas, sendo avaliado as valores de densidade, absorção de agua, distribuição granulométrica, formato do grão, Umidade, volume de vazios, partículas leves, argilas e materiais friáveis, materiais pulverulentos, desgaste por abrasão inchamento do agregado miúdo e impurezas orgânicas. Após caracterização e comprovação de que os agregados atendiam as especificações técnicas e legais, precede-se a definição dos moldes, uma vez que se propunha uma nova geometria para o bloco, com intuito de aumentar o consumo de Resíduos de Construção Civil – RCC. Com a definição e produção das formas, foi definido o traço, considerando o método de dosagem a Associação Brasileira de Cimentos Portland – ABCP, em seguida produziu concretos dentro dos paramentos estabelecidos para que fosse possível avaliar a resistência dos blocos de concreto. Considerando que a geometria não havia sido estudada por outros autores nas referências consultadas para realização deste trabalho, foram executados blocos com as duas amostras de agregados reciclados e uma amostra (controle) com agregados naturais, para permitir a comparação entre os valores de resistência obtidos. No estudo optou-se por romper os blocos com 21 dias de idade, pois o cimento utilizado para a produção do concreto caracteriza-se pelo ganho de resistência nos primeiros dias após a concretagem. Observou-se que os resultados apresentaram diferença de resistência dos blocos de agregado reciclado com agregado natural variando entre 18% e 53% a menos para os agregados reciclados, quando comparados aos blocos de agregados reciclados, mas comprovou-se ser possível a utilização como bloco estrutural, pois as amostras ensaiadas tiveram resistência superior a 3,0 Mpa. Por fim, o estudo comparou o consumo de agregado reciclado para a nova geometria em relação ao bloco convencional, constatando um aumento de 94%, tornando-se uma realidade importante a ser discutida em termos de disposição final dos resíduos da construção civil.